quarta-feira, novembro 16, 2005

Filme V - Robôs...

Não será dos melhores filmes de animação...mas tem algumas cenas engraçadas...

Em seu segundo filme animado, ROBÔS, o estúdio de animação Blue Sky em parceria com a 20th Century Fox, vem mostrar que veio para ficar entre os grandes nomes da animação no mundo. Após a dobradinha em A ERA DO GELO, em 2002, o diretor Chris Wedge e o co-diretor, Carlos Saldanha, que é brasileiro, voltam para este novo empreendimento e revelam toda a criatividade que se pode empregar em um filme animado, repetindo as boas doses de comédia e aventura de seu primeiro filme.
Em uma pequena cidade, em um mundo habitado única e exclusivamente por robôs de todos os tipos e tamanhos, vive Rodney Lataria, um robô de classe média que sonha em ir para a região metropolitana de Robópolis, tornar-se um inventor e fazer sua vida por lá. Espelhado em seu grande ídolo, o Grande Soldador, um famoso empresário do ramo de reposição de peças, Rodney decide deixar sua cidadezinha e ir em busca de seu sonho. Ao chegar na grande cidade, Rodney se depara com uma enorme crise provocada pela ganância do perverso Dom Aço e vê seu sonho de trabalhar nas empresas Grande Soldador desabarem sobre sua cabeça.
Com uma premissa bem atual, o filme trata das diferenças sociais que insistem assolar a humanidade. Com todo o destaque que o assunto merece, é mostrado como a classe pobre de uma sociedade sofre com os interesses da elite predominante na mesma. A luta de Rodney contra a supremacia de Dom Aço, mostra o quão importante é nos preocuparmos com o descaso sofrido pelas classes menos favorecidas de forma simples e objetiva. Algo legal de ser levantado em um filme destinado ao público jovem e infantil, uma iniciativa plausível que já vale uma conferida!
Outra questão abordada com afinco no filme, é o avanço desenfreado da tecnologia, que pode trazer sérios problemas tanto ao planeta, quanto às classes pobres. Com todas as inovações que a ciência tecnológica apresenta todos os dias, fica difícil para que todos acompanhem sem serem esquecidos ou deixados de lado. Uma questão importante que nos faz refletir até onde a tecnologia que assola o mundo de hoje vale a pena e deve chegar.
Apesar de tratar de assuntos sérios, a comédia não é deixada de lado! Se você achou A ERA DO GELO um filme engraçado, prepare-se para dar longas e constantes gargalhadas com ROBÔS. Rodney, o personagem principal não é o grande comediante aqui, assim como na maioria dos filmes animados, as melhores piadas ficam para os personagens secundários como o excêntrico Manivela e seus amigos do beco. Outro personagem que brilha na área da comédia, é a espalhafatosa Tia Turbina, que possui um grande... eh... traseiro causador de risadas. Assim como o popô de Tia Turbina, muitas outras gags físicas estão espalhadas pelo filme, apesar disso, elas não são cansativas. Todas parecem ter sido muito bem pensadas antes de serem aplicadas nos personagens, bem como as piadas originais e inteligentes aqui presentes. Em sua maioria, as tiradas caem melhor ao público adulto. Em uma das cenas iniciais, a mãe de Rodney diz que o gostoso mesmo é fazer o bebê (no caso Rodney, que estava para “nascer”), em outra, na porta dos banheiros, percebe-se uma tomada representando o sexo masculino e plug representando o feminino. São todas piadas muito bem boladas, prontas para arrancar risadas de quem assiste.
Mas um bom filme não é nada sem um bom visual e ROBÔS passa batido pela prova de cenários. Caracterizados por um ar retro-futurista muito bem elaborado, os fundos do filme são amplos e grandiosos e refletem todo o avanço tecnológico em questão. Quem achou que A ERA DO GELO foi fraquinho em visuais, vai se surpreender com o que foi feito aqui. A maior parte desses cenários são muito bem iluminados, principalmente os da cidade, que justificam o porquê do encantamento de Rodney por Robópolis. Um trabalho maravilhoso foi feito nesse aspecto e os ambientes são com certeza um dos pontos altos do filme.
O estúdio também avançou grandiosamente em suas técnicas de animação e textura dos cenários, adereços e personagens. Os movimentos presenciados no filme estão muito mais leves e realistas do que os presentes no primeiro filme da Blue Sky. Os efeitos são grandiosos e mostram o que o estúdio é capaz de fazer. Algumas vezes, mostram até demais! Cenas como o meio de transporte maluco de Robópolis e a dos dominós no esconderijo de Grande Soldador, parecem ter sido colocadas no filme só para provar que os animadores são capazes. Ainda que pareça um pouco arrogante da parte do estúdio, temos que dar o braço a torcer que são efeitos impressionantes. Mas bem que poderiam ter aproveitado melhor todo esse potencial.
A trilha incidental de ROBÔS é característica de filmes de aventura modernos. Retratam o heroísmo presente no filme com um toque de música pop, o que ficou bacana. Falando em música pop, o filme traz para sua trilha o hip hop americano, que se tornou febre não só entre os adolescentes, mas também entre os filmes animados. O filme ainda traz boas pitadas de música “soul” americana, como a simpática “Shine”. Além disso, o filme faz referências a grandes musicais do cinema e a ícones da música pop. Em uma cena, Manivela parodia a famosa cena de DANÇANDO NA CHUVA além de dar um show de dança ao som de Britney Spears e seu hit ‘Baby One More Time’.
ROBÔS não traz a história mais original de todas, mas levanta questões que devem ser discutidas, o que sempre acrescenta veracidade e relevância a um filme. O filme faz você rir do inicio ao fim com piadas inteligentes e de bom gosto além de trazer boas cenas de aventura, romance e até luta. Um mix que cai muito bem a ambiciosa animação do estúdio que já vai para o seu terceiro filme, uma continuação para A ERA DO GELO. Uma engrenagem em forma de filme que trabalha a diversão sem perder a essência. Além de tudo, é fruto do trabalho de um brasileiro que deu certo no mundo da animação internacional. Eu não deixaria de conferir!
Por Lóiam Torres

1 comentário:

Artur Coelho disse...

As alternativas à Pixar costumam criar fantásticas animações em CGI